Alimentam-se os portugueses de forma correta?
É do conhecimento geral que a nossa alimentação deve ter por base a roda dos alimentos. No entanto, aquilo que se tem verificado é uma distorção gradual da roda e das suas recomendações. Neste artigo vamos tentar perceber quais os motivos e especificar quais os principais erros.
As leis da economia mostram que quando há menos dinheiro no bolso, a tendência é para se gastar menos. E os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) comprovam-no. A despesa anual média dos portugueses com a alimentação entre Março de 2010 e Março de 2011 representou 13,3% do salário anual médio, uma descida de 5,4% face a 2000. Este fenómeno poderá explicar algumas alterações no padrão alimentar português, por conta da crise económica.
A análise do INE mostra que a dieta nacional não se faz apenas de preferências. Existem fatores como o preço que inferem diretamente nas decisões. A falta de matéria-prima na indústria transformadora de laticínios na União Europeia em 2007 e 2008, por exemplo, fez aumentar o preço da produção de leite na ordem dos 11 a 15%, o que levou ao aumento do preço dos produtos e à consequente retração no consumo de queijo e iogurtes – menos 2% e 4%, respetivamente.
Para além disto, verificou que os portugueses:
- Comem duas vezes mais carne, óleos e gorduras do que o recomendado;
- Têm um défice de consumo de produtos hortícolas de 79%;
- Deviam comer o dobro dos frutos;
- Têm excesso de peso (cerca de 51% da população);
- Compram uma média de 3883 kcal diárias, quando o valor médio de consumo recomendado para um adulto é de 2000 a 2500 (muitas calorias não significa qualidade nutricional, nem sequer suficiência);
- Consomem primordialmente carne de porco, ainda que a tendência seja para o crescimento do consumo das carnes brancas, que representa 33% da disponibilidade de carnes.
Existem diferenças significativas na ingestão da população rural e urbana?
A Direção-geral de Saúde conclui que a população rural tende a ter uma alimentação mais saudável do que a urbana, por causa dos horários de trabalho rígidos, da escassez de tempo e da oferta alargada de "comidas da moda".
Quais as principais consequências dos maus hábitos alimentares a longo prazo?
Perante tais hábitos, as pessoas ficam mais propensas a desencadear doenças crónico-degenerativas, as mais frequentes causas de doença cardiovascular, como a diabetes mellitus, hipertensão arterial, dislipidemia, obesidade e cancro.
Recordemos que em Portugal, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte, cerca de 32%, de acordo com o INE.
Referências:
Sem comentários:
Enviar um comentário