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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Superproteção pode favorecer obesidade nas crianças

Sabia que o excesso de proteção por parte dos pais pode promover a obesidade nos filhos?

As crianças - sobretudo as meninas - filhas de pais superprotetores e demasiado zelosos podem ser mais propensas ao desenvolvimento da obesidade, sugerem os resultados preliminares de um estudo desenvolvido por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). Isto acontece porque os pais transmitem às crianças a imagem de um mundo ameaçador, causando-lhes ansiedade e, consequentemente, provocando um aumento de cortisol - a hormona do stresse.

Estes casos, classificados pelos especialistas como "vinculação insegura", podem levar a que, quando sujeita aos efeitos do stresse e do cortisol, a criança procure sensações de segurança e conforto em atos básicos, tais como comer, em vez de procurar formas mais evoluídas de se sentirem seguras, como através da busca de conforto emocional junto de alguém.

Sabia-se já que atitudes negligentes por parte dos pais tinham consequências no desenvolvimento emocional dos filhos, podendo estar na base de diversos distúrbios, incluindo a obesidade. Comportamentos negativos tais como a depreciação do comportamento do filho, a ameaça persistente de deixar de gostar da criança ou de abandonar o lar como forma de coação sobre a criança ou cônjuge, entre outros comportamentos, são conhecidos por causarem vinculação insegura, que se pode manifestar através da ansiedade ou de um comportamento de evitamento. No entanto, enveredar por uma atitude superprotetora também poderá ter efeitos menos positivos sobre o desenvolvimento das crianças.

Os dados sugerem que, quando existe vinculação insegura, os rapazes tendem a exteriorizar o comportamento tornando-se agressivos, mas as meninas parecem internalizar as emoções, comendo.
Estas meninas apresentam níveis elevados de stresse pelo que, quando sujeitas a dietas para resolução da obesidade, tendem a não ter sucesso, porque os alimentos são a forma de obterem uma sensação de conforto e segurança. Abdicar dos alimentos deixa-as tão frustradas que as dietas podem até "empurrá-las" para outros comportamentos, como a bulimia.

Para resolver a situação, é necessário alterar emoções e ensinar a lidar com o stresse, através de intervenções psicoterapêuticas que corrijam a relação criança/cuidador. Assim, os pais devem procurar ajuda para as meninas com excesso de peso e com uma personalidade introvertida, sobretudo quando a alteração da dieta não surte efeito.

O trabalho é orientado por Rui Coelho (diretor do Departamento de Neurociências Clínicas e Saúde Mental da FMUP) e Conceição Calhau (professora e investigadora na área do Metabolismo).

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