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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Nefropatia diabética

Conheça a importância da terapia nutricional no tratamento da nefropatia diabética.

A Nefropatia Diabética (ND) acomete cerca de 35% dos pacientes com Diabetes Mellitus (DM) tipo 1, sendo a razão mais comum de morte neste grupo. 
Nos pacientes com DM tipo 2, a sua prevalência varia de 10 a 40%, e neste grupo, a principal causa de morte é a doença cardiovascular. Esta patologia está associada a um aumento da mortalidade de aproximadamente cem vezes em pacientes com DM tipo 1 e de cinco vezes nos pacientes com DM tipo 2.

Com o aumento da prevalência do DM a nível mundial supõe-se que aumentem também os casos de indivíduos portadores de ND. Pensando neste cenário, o nutricionista  tem papel extremamente relevante na prevenção, tratamento e acompanhamento destes doentes, uma vez que aplicada a terapêutica nutricional adequada, há melhoria da qualidade de vida destes indivíduos e de sua longevidade. Sem o adequado acompanhamento e tratamento, cerca de 80% dos pacientes diabéticos tipo 1 progridem para falência renal e de 20 a 40% do tipo 2 progridem para a mesma, num período de 15 anos.

A evolução da nefropatia diabética pode ser influenciada por diversos factores que determinam o seu início e progressão. A prevenção, juntamente com a educação nutricional de cada paciente, é primordial contra o seu rápido desenvolvimento e evolução. É essencial uma reorganização de hábitos alimentares para o controlo da DM e consequente controlo da ND. O comportamento alimentar deve ser modificado de acordo com as exigências e limitações impostas pela síndrome, devendo ser revistas as escolhas alimentares, suporte calórico, ingestão de gorduras e valores de glicemia.
Apesar de ser necessário que se efectuem mais estudos, que incluam a nutrição no tratamento da nefropatia, do que já se conhece e provou, ficam algumas evidências:
  • a depleção de reservas de gorduras e proteínas, especialmente de proteína muscular, leva a redução da função renal;
  • no caso de distrofia muscular, deverá haver correcção do aporte energético;
  • na fase não dialítica, predominam como principal substrato energético os hidratos de carbono;
  • na presença de microalbuminúria a oferta de proteínas deverá ser entre 0,8 a 1g/kg/dia (tal como na população saudável);
  • quando a taxa de filtração glomerular se encontrar entre 70 e 30 ml/min indica-se restrição protéica de 0,6 g/kg/dia;
  • de acordo com a fase da doença devem-se considerar as recomendações de electrólitos, minerais, vitaminas e líquidos;
  • uma dieta com carne de frango como única opção de carne pode ser uma boa estratégia adicional para pacientes diabéticos tipo 2;
  • as dietas com proteína de soja também têm sido estudadas como uma possível alternativa para melhora da ND, já que a soja parece não alterar o fluxo sanguíneo renal no período pós-prandial; 
  • a qualidade e a quantidade de gordura advinda da dieta podem influenciar processos inflamatórios determinantes na evolução da doença;
  • o consumo de ácidos gordos saturados deve ser limitado a 7% do VET e o colesterol alimentar deve ser menor que 200 mg/dia;
  • recomenda-se a inclusão de peixes ricos em ácidos gordos poliinsaturados da série n-3 na alimentação;
Podemos, por fim, concluir que todas as estratégias nutricionais que visem a redução de factores de risco associados, a melhoria do perfil metabólico destes pacientes e mudanças no seu estilo de vida, contribuem para minimizar a progressão da doença e trazem melhorias na qualidade de vida destes indivíduos.

Referências

[1] Silveiro SP, Soares AA, Zelmanovits T, et al. Recomendações atuais para a detecção da nefropatia diabética. Rev HCPA [internet]. 10 Nov 2010 [acesso em 3 Out 2011]; 30(4): 419-425.
[2] Martins C, Riella CM. Terapia nutricional do paciente renal crônico e agudo. In: Riella CM, editor. Princípios de nefrologia e distúrbios hidroeletrolíticos. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2010.
[3] Dronavalli S, Duka I, Bakris G. The pathogenesis of diabetic nephropathy. Nature Clin Practice Endocrinol & Metab. 2008; 4(8): 444- 452.
[4] Cuppari L. Nutrição clínica no adulto. 2ª Ed. Schor N, editor. São Paulo: Manole; 2005

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